domingo, 17 de outubro de 2010

História do bonsai

arte chinesa

A Natureza sempre foi o caminho para o homem estreitar suas relações com o divino. Por esse motivo, as florestas eram o templo sagrado de muitas civilizações e a proteção na busca de equilíbrio. Assim, percorrer os caminhos tortuosos da floresta era comum, principalmente entre os monges chineses e os taoístas, interessados em meditar e reabastecer suas energias.

Entre os elementos naturais dignos de adoração, as árvores centenárias eram o exemplo mais marcante de longevidade e superação da ação do tempo. Mesmo expostas a condições desfavoráveis, elas renasciam, floresciam e frutificavam todo ano. Era a verdadeira vitória contra a morte. Com o passar dos anos, surgiu a idéia de levar para as cidades um pouco da “essência mágica” das florestas.

arte chinesa

As árvores, então, começaram a ser cultivadas em vasos pequenos ou bandejas, mas com a aparência de terem vivido muitos anos. Essas miniaturas eram chamadas de pun sai e cada monge budista cuidava do seu exemplar com dedicação absoluta para apresentarem uma expressão de saúde e beleza natural, mas, principalmente, para servirem de veículo à meditação.

Desenvolvida pelos chineses desde o ano 200 a.C., essa arte provavelmente foi levada ao Japão por monges. Na Era Kamakura, entre 1192 e 1333, ocorreu a primeira menção ao bonsai em terras japonesas, sinal de que os nobres já haviam descoberto esse tesouro em miniaturas de ameixeiras, cerejeiras e pinheiros plantados em vasos.

A popularidade do bonsai já era imensa na Era Edo, entre os anos de 1615 e 1867, principalmente pelas espécies floríferas e com folhagens coloridas. O período também é marcado pelo desenvolvimento das técnicas de cultivo e a criação dos estilos básicos.

Mas foi só no começo do século XX que o mundo ocidental pôde admirar a perfeição das árvores cultivadas em espaços reduzidos. As exposições destas pequenas obras de arte, criadas em conjunto pelo homem e a Natureza, davam ao mundo lições de paciência, dedicação e técnica.

O bonsai passou a ser popular nas grandes cidades carentes do contato com a Natureza. Logo, tornou-se um hobby que se espalhou por diversos países. No Brasil não é diferente. Muitas pessoas dedicam anos para dar a forma envelhecida às suas plantas, inclusive muitas nativas. Afinal, num país tropical com tantas espécies de árvores, nada mais justo do que se aventurar pelo mundo do bonsai.

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Texto retirado da revista Biblioteca Natureza – Bonsai, Segredos de Cultivo (editora Europa)

OBS.: Apesar de ser responsável pela difusão do bonsai pelo mundo, nem o Japão e nem a China foram os primeiros países a utilizarem técnicas para redução de plantas. Acredita-se que os primeiros a fazer isso foram os curandeiros indianos, que necessitavam transportar plantas medicinais e por isso reduziam as plantas, mesmo sem dar a essa técnica o nome de Bonsai.


Estilos de Bonsai

bunjin Bunjin – (Bujunji, estilo minimalista, literati, ou o estilo dos letrados) É um estilo de forma livre, com tronco fino e geralmente sinuoso. Este estilo não se submete as regras dos demais, sendo totalmente sujeito ao gosto e capacidade artística de seu idealizador. Usa vasos redondos ou arredondados, pesados na base para suportar a planta sem quedas.

chokkan Chokkan – (ereto formal) – Estilo que se caracteriza por possuir um único tronco reto e que vai se afilando em direção ao ápice. O primeiro ramo deve sair do primeiro terço do tronco (a direita ou a esquerda, é indiferente). O segundo ramo deve ser oposto ao primeiro, e os demais distribuindo-se em ângulos diferentes em posição de espiral até a ponta da planta. É um estilo bastante encontrado na natureza, sobretudo em florestas de coníferas.

fukinagashiFukinagashi – (estilo varrido pelo vento) Estilo de Bonsai que lembra uma planta nascida em condições adversas de muito vento. Este estilo pode apresentar graus variados de inclinação e marcar nitidamente um deles como o mais atingido pela intempérie. É um estilo apresentado geralmente com escassa folhagem para aparentar ao máximo a idéia de crescimento em condições adversas.

han kengai Han Kengai – (semi cascata) É um estilo parecido com o anterior sendo que a sua forma é mais suave e a sua inclinação não ultrapassa a borda do vaso, embora ela nitidamente apresente a tendência de queda.

kengai Kengai – (cascata) É um estilo que representa uma planta nascida num barranco a beira d’água. Devido a esta condição particular de crescimento ela se desenvolve na direção da luz refletida na água. Embora pareça estranho para alguns é uma forma bastante comum na natureza. Nos vasos de Bonsai o seu crescimento se dá abaixo da borda. É um estilo que apresenta inúmeras variações.

hokidachi Hokidachi – (escova ou vassoura) Estilo de tronco reto, no qual os ramos saem em grande quantidade de um determinado ponto do tronco, formando uma copa redonda ou arredondada. Neste estilo no mínimo um terço da parte ramificada do tronco deve ficar visível ao observador. A planta como um todo deve lembrar uma vassoura ou uma sombrinha aberta.

moyogi

Moyogui – (estilo vertical informal) Estilo vertical de tronco sinuoso. Da mesma forma que os demais estilos verticais, deve iniciar a ramificação no primeiro terço do tronco. Seus ramos devem sair sempre da parte externa das curvas.

neagari

Neagari – (raízes expostas) Estilo em que representa-se uma planta com o seu sistema radicular atacado pela erosão de solo, expondo a parte mais grossa das raízes e dando a impressão de que elas fazem parte do tronco.

shakan

Shakan – (Estilo reto, porém inclinado em relação ao eixo vertical). A idéia de equilíbrio é dada pela disposição harmoniosa dos ramos, enfatizando-se o lado oposto a inclinação pela disposição dos ramos e raízes.

Yose-Ue

Yose-Ue – Consiste num grupo de árvores plantadas em um vaso razo. A idéia é apresentar um bosque ou floresta. Geralmente as árvores usadas são de espécies diferentes. Ocasionalmente usam-se árvores de folhas caducas misturadas e outras sempre-verdes, de modo a produzir contrastes especiais.

Penjing

Penjing – Uma paisagem em uma bandeja. Basicamente é isso, capturar os detalhes de uma paisagem e reproduzí-los em miniatura, utilizando-se bonsai. A beleza dos detalhes e da disposição das árvores é que faz toda a diferença, é uma técnica muito apreciada, porém exige muita atenção e paciência.


O que é um bonsai?

Bonsai é uma árvore, com poucos centímetros e marcas de crescimento lento evidenciadas em seu tronco. A palavra bonsai é japonesa e significa “árvore em uma bandeja (vaso ou bacia)” (bon = vaso e sai = árvore).

Para criar um bonsai, os galhos e as raízes da planta são podados com tesouras e conduzidos por anos. Com esse controle periódico, o tronco engrossa e acaba moldado para parecer uma árvore adulta de proporções mínimas. Até chegar a esse ponto, a planta recebe o nome de pré-bonsai.

Muito mais do que técnica, o cultivo do bonsai está relacionado com a arte e a sensibilidade de ser o mais fiel possível às condições encontradas na Natureza, como um pinheiro exposto ao vento, que se agarra a um rochedo.

No passado, o bonsai não deveria passar de 50cm. Hoje, ele já é classificado em vários tipos diferentes:

* Mame, com até 12cm;
* Shohin, com até 25cm;
* Chuin, que chega a 45cm;
* Chumono, até 90cm;
* Omono, até 130cm;
* Hachi-uye (geralmente plantados em jardins, não sendo considerados bonsai), acima de 130cm;

Também existe uma classificação de estilos, baseada na forma natural das árvores.

Qualquer um desses bonsai pode ser comparado com os seus similares em tamanho normal, como se a própria Natureza esculpisse miniaturas em vasos. A foto que ilustra esta página é uma Cerejeira, feita por Rock Jr.


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